Combate ao trabalho infantil chega a alunos do Loyola
A desembargadora do TRT-MG, Rosemary de Oliveira Pires, gestora regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil, passou a manhã desta terça-feira (18) no auditório do Colégio Loyola, em Belo Horizonte, na companhia de alunos do 3º e do 5º ano do ensino fundamental, em atividade de informação e conscientização sobre trabalho infantil no país.
Primeiro, Rosemary Pires tratou do tema com 198 alunos do 3º ano, da faixa etária de 8/9 anos, acompanhados de seus professores. Depois, foi a vez das turmas do 5º ano, num total de 207 crianças de 9/10 anos de idade. A desembargadora usou linguagem apropriada para cada um dos grupos, que aprenderam de forma divertida e participativa.
Ela falou do direito de todos à informação, que deve ser propiciada pelo Estado. Explicou que precisamos saber dos nossos direitos para que possamos defendê-los: "O exercício dos nossos direitos é que nos faz cidadãos", ensinou ela instigando as crianças a lembrar do arcabouço legal que lhes dá proteção. Elucidativa, apontou vários fatores de empoderamento das pessoas, para concluir que "o poder da informação, do conhecimento é o mais importante e consistente, porque ninguém o tira de nós."
A partir da identificação de conto de fadas em que há trabalho infantil - Cinderela -, os meninos informaram ter conhecimento do labor de crianças em diversas atividades, algumas nocivas até aos adultos, como corte de cana de açúcar, produção de carvão vegetal e extração mineral.
Provocativa, a desembargadora discutiu com os pequenos as razões de eles não trabalharem, diversamente do que acontece com muitas outras crianças de vários lugares por onde ela passou. Juntos, chegaram à conclusão de que as principais causas do trabalho infantil são a falta de informação dos pais dessas crianças e de quem as recebe para trabalhar, e a necessidade financeira da família. E todos se puseram a pensar se a gente pode ser feliz enquanto outros iguais a nós são privados de estudos, de brincadeiras, de lazer, de esportes, porque precisam trabalhar em afazeres que seus frágeis corpos não suportam para conseguir a sobrevivência, sem o mínimo de dignidade.
Para desagrado de alguns, Rosemary esclareceu que o compartilhamento de tarefas de casa pelas crianças, tais como arrumar o quarto, retirar a mesa e lavar louças não é considerado trabalho ilegal, pois não prejudica os estudos nem atividades de lazer. Pelo contrário, fazem parte do aprendizado da vida em família.
Ao final, foi apresentado vídeo institucional, produzido pelo Ministério Público do Trabalho, que aponta estatísticas do trabalho infantil no país, inclusive com número de acidentes e de vítimas fatais, e elucida sobre o trabalho de adolescentes de 14 a 18 anos de idade. Foram entregues kits com canecas, revistas, folhetos, caneta e boné alusivos à campanha de erradicação do trabalho infantil.
A Escola
Para José Henrique da Silva Júnior, coordenador das turmas do 3º ano, a atividade de hoje foi importantíssima, por complementar e enriquecer o conteúdo programático das disciplinas de geografia e história dos 3º e 5º anos do ensino fundamental da escola, que já contemplam o tema trabalho infantil.
Alexandra Vasconcelos Nonaka, coordenadora das turmas do 5º ano, acrescentou que o Colégio Loyola tem como um dos seus principais objetivos uma educação integral, que confere aos alunos a oportunidade de observar o que acontece no mundo, hoje alargado pelos ensinamentos da desembargadora Rosemary.
Segundo ela, permite que se situem nesse mundo, até como detentores de privilégios em relação aos outros. "Temos consciência de que lidamos com filhos de lideranças que, provavelmente, serão líderes no futuro, sendo importantíssimo, pois, que tenham consciência do que foi informado aqui hoje," arrematou a coordenadora.
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