Adoecimento no trabalho e mal-estar na civilização são abordados no encerramento do Seminário Segurança no Trabalho
O sofrimento mental global, com a ansiedade liderando os casos de adoecimento, o mal-estar na civilização e as dificuldades da vida na coletividade foram os temas abordados, na manhã desta sexta-feira (26/4), no encerramento do Seminário "Segurança no Trabalho: Saúde Mental e Física dos Trabalhadores", no auditório da Escola Judicial, centro de BH.
A primeira painelista foi a psicanalista e professora no Departamento e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFMG Andréa Guerra, que abordou o tema “Neossujeito e adoecimento no trabalho”. Ela explicou que o neoliberalismo produz novas subjetividades, e que as redes sociais acirraram o hiperindividualismo. “Não formamos comunidade. Somos um sozinho com uma tela que nos dá a ilusão de pertencimento comunitário”, frisou.
Ela afirmou também que há um sofrimento mental global, liderado pela ansiedade, seguida pela depressão, estresse e insônia. Esse sofrimento é diferente entre países do Norte e do Sul global, segundo ela. “Saúde mental é efeito de ambiente saudável. Os ambientes de trabalho têm obrigação ética, política e pública de serem pensados para serem saudáveis. Se a ordem econômica mundial não muda, o sujeito e as instituições podem mudar dentro dela. Mãos à obra”, afirmou.
Proposta da psicanálise
Logo após, foi a vez da psicanalista e membro da Associação Mundial de Psicanálise (AMP) Juliana Motta, que falou sobre o tema “Como não viver juntos”. Ela disse que “estamos no tempo do desalento subjetivo, por exemplo, com tantas depressões. Alguns autores dizem que vivemos num mundo apocalíptico e catastrófico. Talvez estejamos em uma passagem para a contemporaneidade. Para a psicanálise, não existe separação do status do individuo do status da sociedade”.
A psicanalista ainda lembrou que o estresse virou a palavra-chave de nossas vidas e que há muitas patologias, como síndrome do pânico e compulsões. Nesse sentido, a gestão do corpo saudável é fundamental para tratar essas patologias psicossomáticas. De acordo com ela, a psicanálise pode contribuir com a proposta de uma sociedade impossível. “Nessa sociedade, haveria lugar para a tragédia singular, mas não para humilhação. Nela se encontraria lugar para a dor de existir, mas não para a exploração da força de trabalho. Nela se realizaria a vontade de ser qualquer coisa e de se calar, mas não o silêncio covarde. Estaria contemplado o ser estrangeiro de si mesmo, mas não os expulsos de seus territórios, como os refugiados”, concluiu.
O juiz titular da 33ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, Márcio Toledo Gonçalves, e a gestora regional do Programa Trabalho Seguro para o 1º grau da Justiça do Trabalho, juíza Ângela Castilho Rogedo, conduziram os painéis.
O evento contou com com transmissão ao vivo pelo canal oficial do TRT-MG no YouTube. Assista na íntegra abaixo: