Você está aqui:

Interseccionalidades, patriarcado e feminismo são destaque em roda de conversa no TRT-MG

publicado: 17/04/2024 às 18h59 | modificado: 17/04/2024 às 19h10

“Trago minhas interseccionalidades e reflexões por meio de gênero, raça e classe, porque atravessam a mim e aos outros. O gênero e a raça ditam a classe social. O racismo atua no feminicídio também, porque mais mulheres negras morrem quando comparado às brancas. Pela lógica atual, mulheres brancas e negras sempre vão ganhar menos que homens brancos, e mulheres negras vão ganhar menos ainda que as brancas”, explicou a doutoranda e pesquisadora sobre feminicídio e vice-presidente do Conselho Regional de Psicologia de Minas (CRPMG), Liliane Cristina Martins, em sua palestra na roda de conversa com o tema: “Coletivo feminino e feminicídio", na tarde desta quarta (17), no auditório da Ejud3, no centro de BH.

foto da doutoranda e pesquisadora sobre feminicídio e vice-presidente do Conselho Regional de Psicologia de Minas (CRPMG) Liliane Cristina Martins
Doutoranda e pesquisadora sobre feminicídio e vice-presidente do Conselho Regional de Psicologia de Minas, Liliane Cristina Martins

Ela abordou ainda o genocídio da população negra desde a escravidão no Brasil bem como o assassinato de lésbicas (lesbocídio) e de mulheres trans. Disse que a construção do saber não é neutra e que, por ser negra e lésbica, encontra-se em um papel social que não é esperado pelo patriarcado. “Temos que trabalhar para as mulheres serem reconhecidas como seres humanos e donas de si, do seu próprio destino. Já as negras precisam ressignificar o conceito de amor, porque aprendem desde cedo que não são bonitas e desejadas. Por isso precisamos de empoderamento político, financeiro e emocional”, relatou.

Feminicídio e patriarcado

Quem também proferiu palestra foi a mestre em Ciências da Saúde pela Fiocruz-Minas Gláucia de Fátima Batista, que trouxe um triste dado: Minas fica em segundo lugar em casos de feminicídio, perdendo só para São Paulo nas estatísticas. Ela enfatizou que as construções de gênero são muito prejudiciais, com determinados tipos de comportamento construídos para cada um. “O patriarcado cria determinados papéis sociais fixos, como forma de controlar e disciplinar os corpos. E a misoginia faz parte desse sistema. A história das mulheres é uma história de esquecimento”, afirmou.

foto da mestre em Ciências da Saúde pela Fiocruz-Minas, Gláucia de Fátima Batista
Mestre em Ciências da Saúde pela Fiocruz-Minas, Gláucia de Fátima Batista

Homens devem ser aliados na luta feminista

Em seguida, a pró-reitora de extensão da UFMG, Cláudia Andréa Mayorga Borges, contou como se tornou uma pesquisadora feminista e cientista da Psicologia. Ela relatou suas experiências com os homens ao seu redor, na sua família e na escola, e como eles eram tratados de forma mais privilegiada que as mulheres.

Pró-reitora de extensão da UFMG, Cláudia Andréa Mayorga Borges
Pró-reitora de Extensão da UFMG, Cláudia Andréa Mayorga Borges

Segundo ela, tudo mudou quando leu o livro O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir, e percebeu que o feminismo está no campo teórico. E completou: “As lutas históricas das mulheres questionam esse lugar naturalizado da mulher no mundo, trazem a reflexão e questionam os papéis atribuídos a elas. O direito das mulheres à vida não é uma luta somente delas, mas sim de todos. Os homens podem construir esse caminho junto com elas, ajudando na luta feminista”, concluiu.

A gestora regional do Programa de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade, desembargadora Adriana Goulart Sena Orsini, atuou como mediadora e lembrou que o evento foi uma ação do programa, cumprindo seu objetivo. Ela ainda agradeceu a presença dos professores e alunos da Fundação de Ensino de Contagem (Funec) pela participação. Ao final, os participantes fizeram perguntas e interagiram com as palestrantes.

Plateia com mesa de palestrantes ao fundo e telão

Veja galeria de fotos

O evento contou com transmissão ao vivo, pelo canal Oficial do TRT-MG no Youtubee pode ser assistido na íntegra abaixo:

Visualizações: