Palestra aborda golpe de 1964 e atual momento do Brasil
O TRT-MG recebeu, na última sexta-feira (19), o historiador e professor da Unicamp Fernando Teixeira da Silva, que proferiu, no auditório do Tribunal, para magistrados e servidores, colaboradores terceirizados, estagiários e público externo, a palestra A Justiça do Trabalho no contexto do golpe de 1964. A atividade foi uma das atrações do Mês do Trabalho, promovido pelo Centro de Memória/Escola Judicial.
Baseado em seu livro Trabalhadores no Tribunal: Conflitos e Justiça do Trabalho em São Paulo no Contexto do Golpe de 1964, o palestrante abordou pesquisa feita por ele com cerca de 500 processos do TRT-SP ajuizados entre janeiro de 1963 e março de 1964, período em que, para o historiador, a Justiça do Trabalho consolidou-se como referência nas relações e nos conflitos entre capital e trabalho, num cenário de crescentes pressões populares por reformas estruturais. Por isso, ela era vista como uma ameaça por setores do empresariado brasileiro e pelos militares.
O palestrante traçou um paralelo entre aquele momento e o que vivemos atualmente para afirmar que nunca houve um ataque tão forte aos direitos sociais como os que observamos hoje em dia. "Temos muito mais direitos a perder do que tínhamos em 1964, pelo acúmulo de direitos que obtivemos nas últimas décadas. Além disso, nunca houve tantas forças e tão bem articuladas para acabar com direitos conquistados, entre eles, a legislação trabalhista", disse. Ao final da palestra, foi aberto espaço para debate.
Antes da palestra, o presidente do TRT-MG, desembargador Júlio Bernardo do Carmo, agradeceu a presença do professor Fernando Teixeira da Silva e deu as boas-vindas a todos os presentes. Ele compôs a mesa de honra com os desembargadores Luiz Ronan Neves Koury (diretor da Escola Judicial), Denise Alves Horta e Rosemary de Oliveira Pires e da juíza Maria Raquel Ferraz Zagari Valentim, coordenadora acadêmica da EJ.
O desembargador Luiz Ronan Neves Koury também agradeceu a presença do palestrante e comparou a situação da justiça trabalhista no golpe de 1964 e no atual momento do Brasil. "A situação de absoluta instabilidade política de hoje é, em muitos aspectos, igual à de 1964. E a Justiça do Trabalho é questão fundamental, pois é vista como ameaça por quem comanda o país atualmente, como também o foi por quem estava por trás do movimento de 1964. Hoje, a tentativa de desmonte da legislação trabalhista não é autoritária, como foi no passado, mas também é muito forte", salientou.