Perigos do uso excessivo de celular e sentido da vida são abordados em palestra do Setembro Amarelo
Foto: Leonardo Andrade
“O problema não é o smartphone em si, mas o uso que se faz dele. Segundo estudos científicos, o uso excessivo dos celulares e da internet atrapalha o humor, a capacidade de tomar decisão e a qualidade de vida dos adolescentes”, explicou a doutora em medicina pela USP e especialista em Saúde Pública Marina Lemos Silveira Freitas, em palestra para cerca de 50 estudantes do Senai de 14 a 19 anos, na tarde desta sexta (27), na sede do TRT-MG, em BH.
Ela disse que o celular pode atrapalhar a vida dos jovens, que são chamados de “Geração Cabeça Baixa” por andarem curvados, sempre de olho na telinha. Segundo ela, estudos mostram que as notas escolares dos adolescentes aumentam quando eles diminuem o tempo de uso do celular. A palestrante também chamou atenção para o aumento dos casos de suicídio de jovens jovens entre 10 e 14 anos que ficam tempo demais no celular.
Utilizando sua experiência com o público infantojuvenil à frente do Instituto Viktor Frankl, nome do neuropsiquiatra austríaco que criou a logoterapia, ela também abordou cuidados no trânsito, uso de drogas e a necessidade de se impor limites pela família.
Em seguida, Marina Lemos falou para servidores e magistrados do Tribunal sobre “Busca e realização do sentido da vida como protetor da saúde física e mental”. Marina explicou que o ser humano é atraído pelo sentido e que essa busca é própria da humanidade. “O coração fica angustiado quando o ser humano não atinge o sentido. Quem tem coragem de perguntar e refletir sobre o sentido da vida já é um vencedor. Nossa tarefa é realizar e descobrir o sentido que nos aguarda. Nossa vinculação com o mundo é o que nos plenifica”, afirmou.
A médica abordou o vazio existencial trazido pelo uso abusivo de smartphones. “A distância entre o ser e o dever-ser aumenta esse vazio. Entre os sintomas, estão o tédio, apatia, aumento da vontade de prazer, depressão e aumento da vontade de poder. Hoje existe uma repressão da existencialidade, diferente de antes, quando havia uma repressão da sexualidade”, destacou.
Ela ainda citou Viktor Frankl, que abandonou a teoria do trauma de Freud e se dedicou não ao que torna a pessoa doente, mas aquilo que a conserva saudável. “Para ele, o sentimento de esperança constitui um fator de proteção ao vazio existencial e ao suicídio. Devemos procurar o que nos traz mais alegria, porque lá está o sentido da vida”, ensinou.
As palestras foram promovidas pelo Comitê Gestor Local de Saúde e Programa Trabalho Seguro do TRT-MG, contribuindo com os debates sobre prevenção ao suicídio durante o Setembro Amarelo.