Capacitismo é tema de debate no TRT-MG
Resumo em texto simplificado
Em celebração ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, o TRT-MG promoveu, nesta sexta-feira (6/12), o evento "Capacitismo: devemos falar sobre isso" para sensibilizar sobre acessibilidade e inclusão. A roda de conversa, mediada pelas desembargadoras Adriana Goulart e Taísa Macena, contou com palestras sobre capacitismo e a importância de integrar pessoas com deficiência no ambiente de trabalho e na sociedade. O evento reforçou as diretrizes de acessibilidade e inclusão previstas nas resoluções do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho.
Saiba mais sobre esta iniciativaEm comemoração ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, celebrado em 3 de dezembro, o TRT-MG realizou, nesta sexta-feira (6/12), o evento "Capacitismo: devemos falar sobre isso", com o objetivo de sensibilizar e conscientizar sobre a importância da acessibilidade e inclusão. A desembargadora Adriana Goulart de Sena Orsini, gestora regional do Programa de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade, e a desembargadora Taísa Maria Macena de Lima, coordenadora do Subcomitê de Acessibilidade e Inclusão, atuaram como mediadoras da roda de conversa, que teve como objetivo promover o diálogo e a integração ativa dos servidores com deficiência no Regional mineiro e foi realizado no plenário 5, no anexo ao edifício-sede do Tribunal.
Para a desembargadora Adriana Sena, “a pauta antidiscriminatória e, especialmente, da pessoa com deficiência, ainda é muito grave. A gente tem que introjetar dentro da instituição, e o TRT-MG não está fora dessa necessidade. Todos temos direito a estar onde quisermos. Essa pauta é algo que todos nós devemos abraçar, sem dúvida nenhuma”.
Menos exclusão, mais oportunidade
A palestrante Priscilla Oliveira, advogada e doutoranda em Direito Privado, explicou o conceito de capacitismo: “São as práticas discriminatórias contra a pessoa com deficiência e que podem induzir a exclusão das pessoas com deficiência do meio social, passando por questões culturais, sociais, políticas. O capacitismo pode se manifestar em rodas de conversa, no mercado de trabalho, na falta de acessibilidade, em brincadeiras que não são brincadeiras, mas que são tratadas como piadas de mau gosto, sempre levando em consideração as deficiências de um modo pejorativo. E pode se dar também no meio institucional quando há uma falta de acesso das pessoas com deficiência na educação, na saúde e em vários âmbitos da vida”.
Já o palestrante Gabriel Leandro Rodrigues, psicólogo e coordenador do Programa de Desenvolvimento Potencializado do Instituto Mano Down, destacou que “é preciso trocar o preconceito por um novo conceito e trocar a palavra exclusão pela palavra oportunidade”. Ele ainda trouxe números expressivos, como o total de pessoas com deficiência no Brasil: 18,6 milhões de pessoas de dois anos ou mais, que representam 8,9% da população brasileira, segundo pesquisa do IBGE, em 2022.
Segundo Romerito Nascimento, integrante do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão da UFMG (NAI-UFMG), que também palestrou no evento, é necessário “promover uma revolução de consciência. Só o fato de as pessoas com deficiência estarem falando sobre isso, circulando esse conceito, dando ênfase a eles, principalmente mostrando na vida concreta como isso se manifesta, é uma forma de darmos passos significativos para a inclusão das pessoas com deficiência”.
É preciso falar sobre capacitismo
A desembargadora Taísa Macena de Lima considera que “o capacitismo é uma das formas de discriminação mais cruéis que encontramos na nossa sociedade. E a única forma de superarmos é falarmos sobre isso. Não só os nossos servidores, mas os próprios magistrados e a sociedade de modo geral devem ter consciência da potencialidade de todo e qualquer ser humano, independentemente dele ter ou não ter o que nós chamamos de alguma deficiência”.
O Coral Voz Ativa, formado por músicos do Instituto Mano Down, sob a regência do maestro Daniel Viana, apresentou-se ao público presente
Na opinião de Francisco da Silva Soares, servidor do TRT-MG, “quanto mais você discute um tema como esse, mais você esclarece a sociedade e joga luz numa temática que ainda é pouco conhecida. O capacitismo ainda é muito real e muito presente nas nossas ruas, infelizmente. No ambiente de trabalho, é importante que as pessoas conheçam posturas capacitistas para integrar a pessoa com deficiência e compartilhar mais conhecimento, tornando, assim, a equipe mais forte e integrada”, avalia.
Já Priscila Gallo, integrante do Subcomitê de Acessibilidade e Inclusão, ressalta: “Precisamos falar sobre capacitismo para desconstruir esse tema dentro de nós. Precisamos aprender a reconhecer as atitudes capacitistas nossas e dos outros; até nas coisas mais sutis, como, por exemplo, pegar a mão de uma pessoa com deficiência visual e levá-la para atravessar a rua, pois, de repente ela está ali na esquina só esperando alguém chegar. Ou então quando ficamos vangloriando a pessoa com deficiência, ‘nossa, você é um guerreiro, você é uma pessoa muito lutadora’, como se ela fosse um super-herói. Na verdade, não. Ela é só uma sobrevivente e não podemos desumanizá-la. Temos que entender que essas atitudes são capacitistas e precisamos acabar com isso”, exemplificou.
Diretrizes
A Roda de conversa “Capacitismo: devemos falar sobre isso” foi realizado pela Seção de Sustentabilidade e Inclusão e pelo Subcomitê de Acessibilidade e Inclusão, com apoio do comitê regional do Programa de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade.
A roda de conversa reforça as diretrizes das resoluções 401 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que dispõe sobre o desenvolvimento de diretrizes de acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência nos órgãos do Poder Judiciário e de seus serviços auxiliares, regulamentando o funcionamento de unidades de acessibilidade e inclusão; e 386 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, que institui a Política de Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência no âmbito da Justiça do Trabalho.