Fórum propõe resgate de patrimônio cultural de população negra anterior à fundação de Belo Horizonte
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Resumo em texto simplificado
Nestas terça e quarta-feira (18 e 19 de novembro) está sendo realizado na Escola Judicial do TRT-MG o Fórum “Territórios Afroindígenas Soterrados” promovido pelo projeto “Negricidade”. O objetivo do projeto é divulgar a cultura e a história da população que habitava na região geográfica hoje abarcada pela capital mineira, predominantemente de negros libertos. A abertura ocorreu no inicio da tarde desta terça-feira, com a participação do padre Mauro Luiz da Silva, que coordena o projeto, do 2º vice-presidente e diretor da Escola Judicial do TRT mineiro, desembargador Emerson José Alves Lage, da chefe da Seção de Biblioteca da Escola Judicial, Márcia Pimenta, e da jornalista Emanuela São Pedro, que participa da organização da sociedade civil Agência de Iniciativas Cidadãs (AIC), que atua como parceira.
Saiba mais sobre esta iniciativaA Escola Judicial do TRT-MG está sediando, nestas terça e quarta-feira (18 e 19/11), o Fórum Municipal “Territórios Afroindígenas Soterrados”, promovido pelo projeto “Negricidade”. O objetivo do projeto é divulgar a cultura e a história da população que habitava na região geográfica hoje abarcada pela capital mineira, predominantemente de negros libertos. Com isso, busca-se valorizar toda esse contexto pouco conhecido e excluído da história oficial a partir de sua condição de patrimônio imaterial e cultural da humanidade.
O Fórum iniciou com uma apresentação do padre Mauro Luiz da Silva, que passou a formar a primeira mesa junto ao 2º vice-presidente e diretor da Escola Judicial do TRT mineiro, desembargador Emerson José Alves Lage, à chefe da Seção de Biblioteca da Escola Judicial, Márcia Pimenta, e à jornalista Emanuela São Pedro.
O representante da administração do Tribunal ressaltou a relevância que tem o resgate e a visibilidade de situações do passado apagadas da nossa memória. Destacou também a proximidade que a Justiça do Trabalho, como Justiça Social, deve ter com o assunto e com a construção de uma consciência social mais sólida e humana.
O primeiro painel reuniu a turismóloga, gestora cultural e educadora Jana Janeiro, a cientista social pós graduada em Antropologia Social do Laboratório de Antropologia do Lúdico e do Sagrado (Ludens) Mariana Ramos de Morais e a superintendente do Iphan em Minas Gerais, ex-deputada federal e ex-prefeita de Betim Maria do Carmo Lara Perpetuo. As três abordaram a importância de políticas públicas para o tombamento e a valorização do patrimônio cultural imaterial oriundo da população negra.

Mesa de abertura do Fórum Municipal Territórios Afroindígenas Soterrados
O que é o projeto Negricidade
O projeto Negricidade desenvolve uma pesquisa arqueológica de resgate de informações que possam retratar a realidade do antigo Arraial de Curral del Rey, também conhecido com o “Arraial dos Pretos”, que acabou sendo demolido e soterrado em 1894 para a construção da cidade de Belo Horizonte. Documentos, fotos, relatos resgatados de livros, peças de museus, registros obtidos em arquivos públicos e até material de arquivo proveniente de Lisboa fazem parte do acervo resgatado nessa pesquisa. Tudo iniciou em 2017 com a dissertação de mestrado do padre católico Mauro Luiz da Silva, que até hoje coordena o projeto.

Peças do acervo do Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos (Muquifu)
Também ligado ao projeto, o Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos (Muquifu), localizado na Vila Estrela (Rua Santo Antônio do Monte, 708), em Belo Horizonte, expõe grande parte do material resgatado na pesquisa. Interessados em visitar o Muquifu devem agendar pelo telefone (31) 98270-9668, de terça a quinta-feira, das 13 às 17h. Fotos e peças de acervo do museu estão em exposição no sede da Escola Judicial até o dia 10 de dezembro.
O Fórum Municipal Territórios Afroindígenas Soterrados
O Fórum realizado este ano nas instalações da Escola Judicial é a quarta atividade de “ocupação” promovida pelo projeto Negricidade. As iniciativas iniciaram em 2017 e tiveram suas três primeiras edições na região próxima ao antigo Largo do Rosário, próximo ao local onde havia uma capela soterrada com esse nome na antiga Curral del Rey. Nesta quarta “ocupação”, o objetivo foi buscar um espaço próximo à Praça da Estação, marco ferroviário de inicio da construção da nova capital. O termo “ocupação” é utilizado para simbolizar o aproveitamento de diferentes espaços públicos, de forma itinerante, para expor todo esse patrimônio histórico e cultural.
Para a realização do Fórum Municipal “Territórios Afroindígenas Soterrados”, o projeto Negricidade se beneficiou da parceira com a organização da sociedade civil Agência de Iniciativas Cidadãs (AIC), que fez uma parceria para conquistar recursos do Fundo Municipal de Cultura, a partir de um edital publicado pela Prefeitura. Para a jornalista, profissional de relações públicas da AIC e voluntária do Projeto Negricidade, Emanuela São Pedro, a intenção é resgatar histórias que não são contadas das populações periféricas e quilombos, desenterrando territórios afroindigenas silenciados e soterrados pela história oficial para colocar a história da população negra de Belo Horizonte no local de onde ela nunca deveria ter saído.

Padre Mauro Luiz da Silva, que coordena o Projeto Negricidades
Confira a galeria de fotos do Fórum.
Roda de conversa sobre servidores negros do TRT
A representante do Comitê Gestor Regional de Equidade e Raça, Gênero e Diversidade do TRT mineiro, servidora Marisa Campos Tomaz, o servidor Allan Santiago e a desembargadora Adriana Goulart de Sena Orsini participaram pela manhã de uma roda de conversa realizada no auditório da Faculdade de Direito da UFMG para abordar o tema “A cor da Justiça: Servidores negros e seu protagonismo no TRT da 3ª Região”. A atividade serviu para propor um diálogo sobre o trabalho das pessoas negras dentro da instituição, tratando do concurso público, das vivências na lotação e da carreira no TRT. Segundo a servidora Marisa, “foi um momento muito rico, que trouxe vivências diferentes, com trocas muito ricas que tornaram o evento espetacular”. Ao final, a desembargadora Adriana Goulart de Sena Orsini solicitou aos presentes sugestões para promover a equidade de raças dentro do Tribunal.

Roda de conversa Servidores Negros e seu Protagonismo no TRT3