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Ato Público no Mineirão reúne 2,5 mil operários

publicado: 22/06/2012 às 13h32 | modificado: 07/08/2017 às 09h56

"Este ato significa um esforço e uma contribuição mínima de todos nós para mostrar que valorizamos muito a vida e a dignidade de todos vocês". Com essas palavras, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), ministro João Oreste Dalazen, abriu, nesta sexta-feira (22), na esplanada do novo Mineirão, o Ato Público pelo Trabalho Seguro na Construção Civil. O evento, que reuniu 2,5 mil operários responsáveis pelas obras do estádio e diversos representantes do setor, faz parte das ações do Programa Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, de iniciativa do TST/CSJT.

A desembargadora Deoclecia Amorelli Dias, presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (TRT3), acompanhou a solenidade ao lado dos desembargadores Sebastião Geraldo de Oliveira e Anemar Pereira Amaral, respectivamente gestor nacional e gestor regional do Programa de Prevenção de Acidentes do Trabalho, e Ricardo Antônio Mohallem, do também gestor regional do Programa, juiz Eduardo Ferri, do assessor da presidência do TRT3 e gerente do Programa, Paulo Haddad, de Marco Antônio Rebello Romanelli, advogado-geral do estado, representando o governador Antonio Anastasia, e Ayres Mascarenhas, secretário municipal de trabalho e emprego, representando o prefeito Márcio Lacerda.

Sérgio Barroso, secretário extraordinário para assuntos relativos à Copa do Mundo de 2014 do estado de Minas (Secopa), Osmani Teixeira de Abreu, presidente do Conselho de Relações do Trabalho da Federação das Indústrias o Estado de Minas Gerais (Fiemg), Ricardo Barra, presidente do Consórcio Minas Arena, Luiz Fernando Pires, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon/MG), José Antônio da Cruz, presidente do Sindicato da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Siticop/MG), e Alberto José Salum, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot/MG), presentes ao evento, representaram as entidades parceiras do Programa de Prevenção de Acidentes do Trabalho.

Ato Público no Mineirão reúne 2,5 mil operários (imagem 1)

Numa alusão à Copa de 1950, quando o Brasil perdeu de 2x1 para o Uruguai, o presidente do TST apontou a preocupação da Justiça Trabalhista com o crescente número de acidentes que, da mesma forma com que a derrota da seleção brasileira silenciou o Maracanã, calam milhares de trabalhadores. De acordo com Dalazen, apenas em 2010 foram registrados 150 acidentes por dia envolvendo trabalhadores da construção civil, em obras espalhadas pelo país.

Outro dado alarmante citado pelo ministro foi o de processos relacionados a acidentes de trabalho julgados pelo TST, que, além de serem em grande número, denotam, muitas vezes, descuido e desatenção por parte do trabalhador. "Assim como na Copa do Mundo de 1950, um cenário de alegria pode rapidamente converter-se em cenário de tristeza, a exemplo da desatenção, do descuido, do excesso de confiança, do clima de já ganhou e servem de lição para nos recordar que assim como no esporte e no trabalho alegria e tristeza andam lado a lado. Aqui vocês são os atletas, os craques da construção e queremos que se dirijam ao local de trabalho para ganhar a vida e não para serem vítimas de acidentes, doenças e morte", enfatizou o ministro, lembrando ainda que nenhuma decisão da Justiça do Trabalho pode devolver a vida e a saúde do trabalhador.

Empenhado em derrotar os números, o ministro Dalazen ressaltou que a cada ano está se formando no Brasil, uma legião de incapazes. "Nós precisamos mudar esse quadro, esse flagelo e iniciar uma verdadeira cruzada pelo trabalho seguro e saudável". De acordo com o ministro, as estatísticas exigem prevenção, pois muitos acidentes são previsíveis e podem ser evitados. "Nós queremos progresso e vida, não queremos progresso a custo de mortos por acidentes de trabalho e é por isso que estamos hoje aqui trazendo informações para vocês, colaborando para que tenham segurança", destacou o ministro alertando sempre para o fato de que o uso correto dos equipamentos de segurança no ambiente de trabalho é responsabilidade de cada um.

O presidente do TST chamou a atenção para o fato de que o país se abre em um enorme canteiro de obras por causa da copa do mundo de futebol em 2014. "A bola agora está com vocês e vamos passar os próximos meses com saúde e sem registros de acidentes de trabalho. Vamos fazer um gol de placa contra os acidentes, a competição pela vida é mais importante do que a Copa do Mundo e vocês são craques imbatíveis na construção de um ambiente de trabalho seguro".

Alertando os trabalhadores sobre a importância da utilização dos equipamentos de segurança, os ex-jogadores de futebol, Bebeto, Reinaldo e Wilson Piazza falaram para uma plateia atenta e entusiasmada com a presença dos esportistas na obra do Mineirão. Bebeto, que atualmente é deputado estadual pelo Rio de Janeiro e membro do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, contou como foi seu primeiro encontro com Zico, no gramado do Flamengo. "Quando cheguei, de Salvador, no meu primeiro dia de treino, todo empolgado por jogar ao lado do meu ídolo, já ia entrando em campo quando o Zico me parou e perguntou aonde eu ia sem tornozeleira e sem caneleira. A partir desde dia eu nunca mais deixei de usar os equipamentos de segurança e aquilo foi muito importante na minha carreira, pois nunca tive uma contusão mais grave. Então eu peço a vocês que usem os equipamentos de segurança e proteção disponíveis para não sermos um país campeão em acidentes de trabalho".

O ex-jogador do Atlético Reinaldo arrancou aplausos dos trabalhadores ao chamar o Mineirão de templo e enaltecer os operários da construção civil. "Vocês estão hoje entrando para a história do futebol e podem ter orgulho dessa obra. O Brasil sediará um dos maiores eventos da humanidade e queremos ter vocês não só agora, na construção desse grande templo do futebol, mas também nas arquibancadas. A responsabilidade é de todos com a conscientização de que é preciso estar preparado para o perigo e fazer do uso do material de proteção e segurança um hábito. Vamos fazer a festa mais bonita de todas as copas do mundo graças a vocês".

Os trabalhadores assistiram a um vídeo educativo sobre prevenção de acidentes no ambiente de trabalho, Segurança e Saúde na Insdústria da Construção no Brasil , produzido pelo Sesiminas, parceiro da Justiça do Trabalho na campanha de prevenção de acidentes. Também foi apresentado o videoclipe Com prevenção é que se faz , com o Rapper MV Bill, produzido pelo Sesi e premiado no 19º Congresso Mundial de Saúde e Segurança no Trabalho da OIT, na Turquia. Houve sorteio de camisas da seleção brasileira e bolas de futebol doadas pela CBF. Os trabalhadores também receberam um kit de segurança contendo cartilha com instruções sobre segurança e saúde dos trabalhadores da indústria da construção e revista em quadrinhos sobre prevenção de acidentes no trabalho.

Ato Público no Mineirão reúne 2,5 mil operários (imagem 2)

Representando todos os trabalhadores, o operário Cícero Morais, 65, recebeu, das mãos do ministro Dalazen e da desembargadora Deoclecia Amorelli Dias, uma camisa autografada da Seleção Brasileira e um kit com material educativo. Trabalhando nas obras do Mineirão desde seu início, em abril de 2010, Cícero falou da importância dos cuidados com a segurança no ambiente de trabalho. "Muita gente fica se descuidando, por isso é importante alertar todo mundo sobre o uso correto dos equipamentos de segurança. Este evento é muito importante para mostrar isso aos trabalhadores. Eu, quando vejo alguém descuidado, sempre aviso e falo para colocar o equipamento".

O presidente do Siticop/MG José Antônio da Cruz, aproveitou a oportunidade, não só para lembrar a diferença entre construção civil e construção pesada, mas também para a necessidade de regulamentação das normas no setor. "Quero lembrar aos companheiros e aos presentes que nós já iniciamos nosso jogo reivindicando normas específicas de segurança para a construção pesada, que trabalha com pontes, barragens, túneis, estradas, aeroportos, estádios e, diferentemente da construção civil, que trabalha com casas e prédios, precisa ser carimbada. Um operador de máquina por exemplo não pode continuar com habilitação comum, subordinado aos órgãos de trânsito, é preciso uma habilitação específica para esses trabalhadores", defendeu.

Luiz Fernando Pires, presidente do Sinduscon/MG. por sua vez, destacou a importância da campanha. "O sindicato apoia todas as iniciativas da Justiça do Trabalho e considero este ato muito importante para que cada um se oriente e seja consciente de que o acidente no trabalho ocorre por um descuido, por um ato de negligência e pode ser evitado. Queremos que todos voltem seguros para casa ao final da obra".

Já o presidente do Sicepot/MG Alberto José Salum lembrou que os operários são a força da indústria da construção. "Vocês são a força das nossas empresas e é fundamental que voltem com vida e em segurança para casa. Participar deste ato constitui uma honra, uma vez que a preocupação é com a vida daqueles que mantém a infraestrutura do nosso país e nosso esforço é direcionado para a capacitação e a atenção voltada para a segurança e fiscalização".

Ricardo Barra, presidente do Consórcio Minas Arena, responsável pelas obras do Mineirão, ressaltou que a empresa tem a responsabilidade de cuidar dos trabalhadores. "Nós somos o Mineirão e temos a responsabilidade de cuidar de vocês e temos que garantir a segurança de todos. Entre as atividades de segurança temos ainda cursos de alfabetização e treinamento para qualificar nossos funcionários e vamos fazer um Mineirão seguro".

Ato Público no Mineirão reúne 2,5 mil operários (imagem 3)
Fotos: Leonardo Andrade

Para a presidente do TRT3, desembargadora Deoclecia Amorelli Dias, o lado social da JT na realização do ato: "Um evento dessa natureza mostra o lado social da Justiça do Trabalho. Uma justiça amadurecida e sempre voltada para o social e, a prática desse ato, além de informar, conscientiza, pois trabalha com a emoção das pessoas. Você só chega à consciência pela emoção. A presença do ministro Dalazen e dos atletas foi um passo a mais para essa conscientização".

O ato foi encerrado com a apresentação dos integrantes da Academia Musical Orquestra Show da Polícia Militar de Minas Gerais, sargento Márcio Dirant e cabo Juarez Martins, que executaram a música Jardim da Fantasia do cantor e compositor mineiro, Paulinho Pedra Azul.

Prestigiaram o evento, que contou com ampla cobertura da imprensa local, a juíza Jacqueline Prado Casagrande, presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 3ª Região (Amatra3), o juiz Rubens Curado Silveira, secretário-geral da presidência do TST, Eliel Negromonte Filho e Guilherme Augusto de Araújo, respectivamente, secretário-geral da presidência e diretor-geral do TRT3. (Márcia Barroso)

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