Educação, gentileza e bom humor para a vida ficar leve
Quem esperava ouvir na palestra em homenagem às mães, da jornalista Leila Ferreira, proferida nessa terça-feira no auditório do prédio da Rua Mato Grosso, da 1ª Instância da JT, uma fórmula mágica para encontrar a felicidade, poderia ter saído decepcionado, não fossem os caminhos que ela mostrou para quem deseja ter a vida mais leve, bem como tornar mais amenos os ambientes em que vive e trabalha, e os lugares que frequenta.
"Aprender a ser leve não é fácil. Eu não sou. Mas acho que é uma das coisas que mais valem a pena na vida, pois a leveza é bem viver. Não é dizer 24 horas por dia que a vida é bela. Nem levitar. A leveza de que falo é real, possível. É incorporar, no cotidiano, mais gentileza, mais generosidade, menos aceleração, menos estresse, menos pobreza. Como disse um casal de psicólogos que entrevistei, temos de 'desdramatizar' a vida, que tem dramas, mas o que não se pode é transformar em drama o que não precisa ser dramático".
Fotos: Leonardo Andrade |
Assim ela lida com o fato de não ter sido mãe, por ter permitido o tempo passar. Confidenciou que essa lacuna "deixa um silêncio na alma". Emoção extrema, sem drama, aquela emblemática cadeira vazia, posta à esquerda da mesa pela desembargadora Emília Facchini, vice-presidente judicial do TRT, para cada um mentalizar, sentada nela, a mãe chamada à presença do criador. Também para simbolizar "as mães que não tiveram filhos por infinitas razões", acrescentou a Leila. E Emília Facchini resgatou a valsa "Rainha do Lar", cantada por ela em uma reunião quando tinha apenas cinco anos de idade. Cantou-a de novo, acompanhada de quase toda plateia. A saudade ficou leve, a nostalgia ficou leve. Facchini lembrou que a outrora rainha do lar virou rainha de muitas coisas, "principalmente do próprio destino". Leila, depois de viver em grandes metrópoles mundo afora, no ápice da carreira, volta para Araxá, sua cidade natal, para cuidar da mãe de 91 anos. Dedicação que deixa leve, equivalente a cuidar do filho que não teve.
Maria Beatriz, diretora de Recursos Humanos, desembargadoras Cleube de Freitas e Emília Facchini e o juiz Ricardo Silva (Fotos: Leonardo Andrade) |
Para saber como fazer a vida leve, "não a leveza da pluma, sem rumo, mas a do pássaro, que tem caminho certo", Leila saiu pelo mundo entrevistando pessoas, mais de mil e trezentas. Foi de Paris, a "Cidade Luz", até Tragédia, lugar perto de Araxá, banhado pelo Ribeirão do Inferno, onde Dona Terezinha tomava remédios para depressão, apesar de admitir que essa "depressão" jamais afetou a sua felicidade, sua alegria de viver. Ela ouviu psicólogos, sociólogos, pesquisadores, mas quem deu o norte do seu trabalho sobre qualidade de vida foi uma dona de salão de beleza, ao justificar sua disposição e bom humor durante todo um dia de trabalho afirmando que veio ao mundo de bicicleta, e outros vêm de caminhão.
Gentileza - tema abordado com muita propriedade na última revista Interativa do TRT-MG - e bom humor, na visão de Leila, são requisitos essenciais de uma vida leve. Isso porque melhora a qualidade dos relacionamentos, contribui para uma boa saúde emocional. Ela lamenta estarmos perdendo o bom humor, que é fundamental para a qualidade de vida. "Por experiência própria, dá para estar deprimida e ser bem humorada". Azedume, não!, enfatiza, sustentando que "chegar azedo e permanecer azedo durante um dia todo é maldade". Para Leila, gentileza é qualidade de vida, e sem ela não é possível viver bem. Para adquirir qualidade de vida, garante, as pessoas se enchem de ração humana, de linhaça, de ômega 3, preocupadas apenas com a leveza do corpo e não da alma. E uma das causas do nosso peso é a falta de gentileza no mundo todo. A jornalista afirma que falta de educação faz mal à saúde, tanto que os trabalhadores subordinados a chefes grosseiros são 30% mais vulneráveis ao acometimento de doenças relacionadas ao trabalho.
Leila lamentou que as mulheres, antes tão gentis, estejam hoje mais mal educadas que os homens. Talvez por estarem vivendo na cultura da imagem, da fachada, na cultura da Ilha de Caras. "Nós estamos vivendo vidas que não são nossas e vamos nos afastando de nós mesmos". Segundo ela, precisamos seguir recomendações antigas de nossos pais, tais como parar para pensar e nos colocarmos no lugar do outro. "A única coisa que a gente tem que ser é ser legal, sermos pessoas boas".
Ao final, as mães foram homenageadas pelo Coral Acordos e Acordes , do TRT, regido pela maestrina Marisa Helena Simões Gontijo e acompanhado pela desembargadora vice-presidente administrativo Cleube de Freitas Pereira ao piano, com participação de Emília Facchini cantando Aleluia, de Handel. (Walter Sales)