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Prevenção ao suicídio e cuidados com a saúde mental são abordados em Seminário de Valorização da Vida

publicado: 29/09/2023 às 15h32 | modificado: 30/09/2023 às 20h56

“A cultura da felicidade e do sucesso, sobretudo que precisa ser mostrada nas redes sociais, leva a uma baixa tolerância à frustração. Os laços afetivos têm sido mais superficiais e os laços afetivos são desconectados com muita facilidade. Há uma efemeridade das relações, o que leva aos amores líquidos. Muitas podem ser as razões que podem levar ao adoecimento mental, mas necessitamos desenvolver estratégias dessas adversidades, sobretudo entre os jovens. Afinal, não existe vida sem luta, sem adversidades”, frisou a terapeuta comportamental e professora do curso de Psicologia da Universidade Fumec, Herika Sadi, durante palestra no Seminário Saúde Mental e Valorização da Vida, na manhã desta sexta (29), no auditório do 8º andar do prédio-sede do TRT-MG, em Belo Horizonte.

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Na apresentação “Uma discussão sobre os aspectos relevantes do suicídio para a pauta contemporânea da saúde pública”, Sadi também trouxe dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre suicídio: cerca de 800 mil pessoas morrem todo ano, no mundo, por suicídio. ”É um dado alarmante em termos de mortes que poderiam ser evitadas. Nas Américas Central e Latina, a taxa de suicídio aumentou 17%, enquanto na Europa diminuiu. A taxa é maior entre os mais jovens e o Brasil é o 8º país com maior número de suicídios registrados. Devemos levar em consideração ainda que esses casos ainda são sub-registrados pela dificuldade. Portanto, esses números podem ser ainda maiores”, explicou.

Ela acrescentou que pessoas com transtorno de personalidade boderline, bipolar ou aquelas que já tentaram anteriormente tirar a própria vida e fazem abuso de substâncias químicas apresentam risco maior. “Devemos tirar o estigma das pessoas com doenças mentais e tratá-las de forma natural, assim como tratamos outras doenças, por exemplo: hipertensão arterial e diabetes. Não falamos em cura para transtornos mentais, mas existe um controle adequado, desde que o tratamento seja continuado”, frisou.

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Logo após, a palestrante foi a psicóloga clínica e mestre em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da UFMG, Gláucia Tavares, que abordou o tema “Suicídios e Lutos”. Em sua fala, ela conta que perdeu uma filha há 25 anos em acidente automobilístico e que prefere falar em suicídios e lutos no plural, porque são vivências pessoais e intransferíveis.

A posvenção também é muito importante junto com a prevenção. Fazer essa acolhida das pessoas enlutadas, que perderam entes queridos por suicídio. A culpa é muito comum em quem fica. Abordar esse tema é entender que ele não se esgota no Setembro Amarelo”, disse.

Segundo ela, o suicídio é uma forma de acabar definitivamente com a dor. “Viver dói e a dor é um sinal de alarme. Temos que buscar, por meio da dor, aprendizados e melhorias contínuas. A maturidade tem a ver com a capacidade de lidar com as frustrações da vida. Temas delicados como o suicídio devem ser tratados com delicadeza. Vivemos a vida com incertezas e, nesse processo, o autocuidado é uma responsabilidade social. Que possamos estar uns com os outros e sair do tudo ou nada. Vamos pedir licença para buscar conexões”, destacou.

Tavares ainda falou dos efeitos papageno (prevenir o suicídio e demover a ideia conversando) e wether (contágio ou imitação após publicizar um caso de suicídio).

Por fim, ela apresentou a Rede Api - Apoio a Perdas (Ir)reparáveis, da qual faz parte e que conta com várias unidades no Brasil e no exterior. O propósito de difundir e promover recursos para o enfrentamento do luto. Oferece escuta, espaço e tempo aos enlutados, de forma respeitosa e voluntária, para que as pessoas se sintam amparadas diante do desafio da morte de entes queridos. Promove ações relacionadas à prevenção de morte precoce, à educação para a morte e luto e à capacitação para os coordenadores e apoiadores, visando aprimorar o acolhimento aos enlutados.

Programa de Ação Educativa do Centro de Memória

Marcaram presença no seminário alunos de curso Técnico em Segurança do Trabalho, junto com o professor Luiz Quelotti, da disciplina Legislação Aplicada à Saúde e Segurança no Trabalho, em ação conjunta com o Programa de Ação Educativa do Centro de Memória/Escola Judicial.

Mesa de honra

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O evento foi aberto pelo corregedor do TRT-MG, desembargador Fernando Rios Neto, que afirmou se tratar de uma tema muito importante para o Tribunal e a sociedade, tanto é que existem grupos formados para debater o trabalho decente e a saúde mental do trabalhador. 

O desembargador Marcelo Pertence disse que a questão mental é tão relevante quanto a parte física, pois pode acabar levando à perda da capacidade de trabalho e até a vida. Ele relembrou a história de um pai que perdeu uma filha que se suicidou. Já o juiz Vitor Salino espera que os presentes ao evento possam ser multiplicadores dos ensinamentos, levando essa importante mensagem a outros.

A mesa de honra foi composta pelo corregedor do TRT-MG, desembargador Fernando Rios Neto; pelo gestor regional do Programa Trabalho Seguro, desembargador Marcelo Pertence; pelo coordenador acadêmico da Escola Judicial do TRT-MG, juiz Vitor Salino de Moura Eça; pela terapeuta comportamental Herika Sadi e pela psicóloga clínica Gláucia Tavares.

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O evento foi aberto ao público externo e realizado em formato híbrido, ou seja, presencial e também com transmissão ao vivo pelo Canal do TRT no YouTube. Confiram, na íntegra:

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