TRT-MG e projeto Negricidade comemoram sucesso do Fórum Municipal Territórios Afroindígenas Soterrados
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Resumo em texto simplificado
O segundo dia do Fórum Municipal Territórios Afroindígenas Soterrados, realizado na Escola Judicial do TRT-MG pelo projeto Negricidade, contou com dois painéis: “Democracia e Combate ao Racismo” e “AfroFuturo: Caminhos de Reparação”. No primeiro painel, quatro mulheres negras discutiram os desafios para uma democracia que enfrente efetivamente as desigualdades raciais. A pesquisadora Cynthia Bráulio ressaltou a necessidade de “enegrecer a democracia”, destacando que, apesar da maioria negra no país, as decisões ainda são tomadas sob uma lógica branca. A servidora Mariza Campos reforçou o papel das políticas afirmativas e elogiou o avanço do Judiciário mineiro no letramento racial. Simone Assis apresentou a trajetória do movimento negro em Minas Gerais, e a desembargadora Adriana Goulart reforçou a relevância do protocolo antirracista do CNJ. O segundo painel, “AfroFuturo: Caminhos de Reparação!”, abordou a construção de futuros baseados na justiça racial e na valorização das memórias afroindígenas. Participaram a secretária municipal de Cultura, Eliane Parreiras, a coordenadora Cláudia Magno e a jornalista Emanuela São Pedro, com mediação do padre Mauro Luiz da Silva. Parreiras destacou o protagonismo dos movimentos negros em Belo Horizonte e as políticas públicas de proteção do patrimônio cultural. Emanuela apontou os avanços na igualdade racial, mas alertou que ainda há grandes desafios. O padre Mauro encerrou destacando a importância do evento para combater o esquecimento histórico. Segundo a desembargadora Adriana Goulart, o Fórum promoveu um debate qualificado e reforçou a importância da participação da Justiça nessas discussões.
Saiba mais sobre esta iniciativaO segundo e último dia do Fórum Municipal Territórios Afroindígenas Soterrados – promovido pelo projeto Negricidade e realizado na Escola Judicial do TRT-MG, reuniu participantes em dois painéis: “Democracia e Combate ao Racismo” e “AfroFuturo: Caminhos de Reparação”, na tarde desta quarta-feira (19/11), finalizando com sucesso as atividades. No primeiro, a proposta foi debater sobre os desafios e caminhos para a construção de uma cidade verdadeiramente democrática, que reconheça e enfrente as desigualdades raciais históricas. Palestraram quatro mulheres negras na mesa mediada pela educadora popular, gestora cultural e turismóloga, Jana Janeiro.
A servidora Mariza Campos destacou a importância das políticas afirmativas para garantir o direito das pessoas pretas nos ambientes institucionais. Ela elogiou a progressiva abertura do Poder Judiciário, especialmente da Justiça do Trabalho mineira, que tem promovido o letramento racial da sociedade brasileira, promovendo debates, apoiando iniciativas que tratem do tema e incentivando denúncias de discriminação dentro do ambiente do trabalho.
Participaram desta primeira atividade a doutoranda em Geografia, mestra em Arquitetura e Urbanismo e bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais, Cynthia Braulio Alvim; a servidora do TRT-MG e integrante do Comitê de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade, Mariza Campos Tomáz e a pesquisadora da Universidade Estadual de Minas Gerais, Simone de Assis.

Democracia racial: expectativa x realidade
Para a pesquisadora Cynthia Bráulio, “é preciso enegrecer a democracia”, porque, segundo ela, embora a população brasileira seja predominantemente negra, as decisões ainda são majoritariamente tomadas com base na lógica da população branca.
A pesquisadora Simone Assis apresentou a história do movimento negro organizado e de como ele contribuiu para a resistência desta população em Minas Gerais. A desembargadora Adriana Goulart de Sena Orsini, gestora do Comitê de Equidade do Tribunal, participou do debate reforçando a importância do protocolo antirracista já implementado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nos julgamentos.
BH se destaca na atuação de movimentos negros
Encerrando o ciclo de encontros do Fórum Municipal Territórios Afroindígenas Soterrados, o segundo painel intitulado "AfroFuturo: Caminhos de Reparação!", convidou os participantes à construção coletiva de futuros possíveis pautados na justiça racial, na valorização das memórias afroindígenas e na reparação histórica.
Esse painel reuniu a secretária municipal de Cultura, Eliane Parreiras, a coordenadora do projeto “Reverbera Culturas Afro-brasileiras e Indígenas nas Escolas e também presidente da Associação Cultural e Artística Ouro Negro, Cláudia Magno, a jornalista e relações públicas, Emanuela São Pedro na mesa mediada pelo coordenador do projeto Negricidade, o doutor e mestre em Ciências Sociais, Padre Mauro Luiz da Silva.

A secretária municipal de Cultura lembrou que Belo Horizonte é referência nacional na atuação de comunidades e movimentos culturais comprometidos com a causa antirracista. Ela elencou políticas públicas de fortalecimento de movimentos negros como protagonistas no resgate da história negra e indígena na fundação de Belo Horizonte, destacando a política de salvaguardas, a criação de comitês responsáveis por proteger o patrimônio cultural e grupos vulneráveis.
Ela ainda elogiou a parceria do TRT-MG e da Escola Judicial que atuaram como anfitriões do encontro: “Muito importante a união do TRT-MG com o executivo municipal nessa grande discussão pela conscientização da importância da cultura negra na formação brasileira, e na construção da justiça social, da igualdade que a gente quer para a sociedade”, destacou.
A jornalista Emanuela São Pedro afirmou que "Belo Horizonte registra muitos avanços na promoção da igualdade racial, mas o futuro ainda é muito desafiador e precisa do comprometimento do poder público na promoção de políticas públicas efetivas". O coordenador do Fórum, padre Mauro, em sua fala final, disse que o encontro foi mais uma demonstração de resistência da cultura negra. "Aqui aprendemos a desfazer o véu do esquecimento e devolvemos densidade ao passado. Que este Fórum deixe aos participantes mais que debates. Deixe tarefas", concluiu.
No balanço da gestora regional do Comitê de Equidade, desembargadora Adriana Goulart de Sena Orsini, na véspera de mais um 20 de novembro, data em que se comemora o Dia da Consciência Negra, a Justiça do Trabalho em Minas ajudou a promover um evento muito rico. Para ela é fundamental que a Justiça se envolva cada vez mais neste tipo de debate.