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Vítimas de doenças e acidentes de trabalho são homenageadas em Seminário sobre Saúde e Segurança do Trabalho

publicado: 14/04/2023 às 15h28 | modificado: 18/04/2023 às 18h23

“Uma das grandes mazelas do mundo do trabalho são os acidentes. Também tem a questão da saúde mental, que é muito aguda. Esse seminário visa a homenagear as vítimas e divulgar uma cultura de proteção em todos os ambientes de trabalho”, destacou o gestor regional do Programa Trabalho Seguro, desembargador Marcelo Pertence, na abertura do Seminário sobre Saúde e Segurança do Trabalho em Memória às Vítimas de Doenças e Acidentes do Trabalho, na manhã desta sexta (14/4), no Plenário do 8º andar do edifício-sede do Tribunal, em Belo Horizonte. O evento foi promovido com o apoio do Comitê Regional do Programa Trabalho Seguro. 

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O primeiro palestrante foi o auditor-fiscal do trabalho, Mário Parreiras de Faria, que falou sobre o tema: O Acidente de Trabalho Ampliado da Barragem BI da Vale S.A. - Decisões Organizacionais não Tomadas. Ele fez um histórico dos acidentes com barragens em MG desde a década de 80. Trouxe também o conceito de acidente de trabalho ampliado, porque o acidente de trabalho causa estragos não só aos que morreram, mas também aos que permanecem, que sofrem abalos físicos e psicológicos. 

De acordo com Parreiras, alguns fatores, segundo relatório do grupo que estudou o acidente, contribuíram para o acidente, como a disposição de rejeitos de forma aleatória e o não respeito à praia mínima de 150 m. Ele apresentou detalhes da investigação feita no acidente da Vale. Em 2017, foi sugerido retaludar a barragem de Brumadinho, o que não foi feito. Também foi sugerido fazer retaludamento associado a uma berma de estabilização, o que não foi cumprido”, explicou. 

E propôs reflexão citando os autores Llory e Montmayeul: “acidentes são reveladores poderosos das disfunções organizacionais, motores poderosos de reflexão, dado que eles questionam nossa capacidade de análise e de diagnóstico”. 

Em seguida, foi a vez do servidor do TRT-MG, Rubens Goyatá Campante, falar sobre o tema Mineração e Grandes Acidentes do Trabalho: A Lógica Subjacente. Ele afirmou que se criou um padrão na mineração mundial de que só após reiteradas tragédias, fazia-se um aprimoramento técnico na mineração. 

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Também frisou que, em se tratando de barragens, não basta só serem bem construídas, elas têm que ser bem monitoradas também. Ainda fez um histórico da atividade mineradora em Minas Gerais, como começou e foi se desenvolvendo até a criação da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), que depois foi privatizada. “Essa lógica subjacente da mineração é construída com base na lógica imediatista da dinâmica do mercado financeiro”, concluiu. 

Por fim, a juíza titular da 1ª VT de Ouro Preto, Graça Maria Borges de Freitas, abordou o tema Desenvolvimento Sustentável, Empregos Verdes e o Futuro do Trabalho – Novas Perspectivas para a Dignidade do Trabalho e a Responsabilidade Social. 

Ela tratou em sua explanação do conceito de desenvolvimento sustentável e seus pilares econômico, social e ambiental. Também abordou os problemas da financeirização da economia, bem como os grandes acidentes industriais, a responsabilidade empresarial e os Direitos Humanos. Trouxe ainda em sua fala algumas propostas integradoras, como a economia Donut e a Agenda 2030. 

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O evento foi encerrado com algumas falas, entre as quais a do coordenador acadêmico da Escola Judicial, juiz do trabalho Vitor Salino. “Foi uma manhã de muitos diagnósticos importantes. A gente vê que os acidentes derivam de fiscalizações menos aparelhadas e se reverberam em todos os sentidos. O Comitê Regional do Programa Trabalho Seguro fez muito bem, traduzindo questões técnicas com uma clareza muito grande, que nos inspiram e nos tornam mais capacitados para o nosso trabalho. Que saiamos daqui preparados para a prevenção, para que acidentes como esses não voltem a ocorrer”, finalizou.

A mesa de honra foi composta pelo gestor regional do Programa Trabalho Seguro, desembargador Marcelo Pertence; pela gestora do Subcomitê de Saúde do TRT-MG, desembargadora Ana Maria Rebouças; pelo coordenador acadêmico da Escola Judicial, juiz do trabalho Vitor Salino; pela gestora de 1º grau do Programa Trabalho Seguro, juíza do trabalho Ângela Castilho Rogêdo Ribeiro; pelo superintendente regional do Trabalho e Emprego em MG, Carlos Calazans, além dos três palestrantes convidados: Mário Parreiras de Faria, Rubens Goyatá Campante e Graça Maria Borges de Freitas.

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Assistam na íntegra ao evento:

 

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