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Discriminação ocorre em todos os lugares

publicado: 26/11/2010 às 18h13 | modificado: 26/11/2010 às 20h13
Varas de João Monlevade realizam acordo na V Semana da Conciliação (imagem 1)

Um dos coordenadores da obra Discriminação , juntamente com Paula Oliveira Cantelli e o corregedor do TRT de Minas, desembargador Luiz Otávio Linhares Renault, o desembargador aposentado do mesmo Tribunal, professor Marcio Túlio Viana, com a sensibilidade que lhe é peculiar, mostrou que discriminamos em todos os lugares, até sem saber. Discriminamos pela altura, pelo modo de vestir, pela falta de ostentação de títulos, pela cor, pelo porte físico, por falta de estética. Segundo Márcio Túlio, uma pesquisa realizada nos Estados Unidos apurou que os réus feios têm duas vezes mais chances de ir para a cadeia. Para ele, como o mundo está cada vez mais desigual, as discriminações também vêm aumentando.

Discorrendo sobre a liberdade de quem contratar, mediante análise da Lei 9.029/95, que proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização, e outras práticas discriminatórias, para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho, Raquel Betty de Castro Pimenta mostrou que a seleção para contratação não pode ser baseada em critério discriminatório. O fato de ser proprietário não autoriza a discriminação, até porque a propriedade tem função social. Raquel esclarece que é muito difícil provar a discriminação. Ela orienta, porém, que a evidência dessa prática inverte o ônus da prova. A autora ressaltou a importância dos operadores do direito no combate à discriminação do trabalhador. Diz ela que a punição depende dos pedidos das partes, por seus advogados, e da aplicação da lei pelos magistrados.

Discriminação ocorre em todos os lugares (imagem 2)
(foto Leonardo Andrade)

Raquel Portugal Nunes, também co-autora da obra, abordou a autodiscriminação. Mostrou que o discriminado tende a se discriminar e a discriminar o próprio grupo ao qual pertence. E isso reforça a oportunidade para ser discriminado, afirma. Para ela a pergunta é: Se não respeitamos as pessoas, como podemos querer que elas se respeitem? Se o outro me respeita, me reconhece, eu desenvolvo a autoestima. Ser reconhecido pelo outro tem um efeito positivo em nossa identidade , explica.

A última palestrante da noite, a militante na defesa dos direitos humanos Egídia Maria Aiexe, lamentou a recriminação da sociedade aos que lutam contra a violação desses direitos. Para ela, temos uma cultura de violência implantada na colonização e cristalizada no regime militar. Precisamos desconstruir essa cultura de práticas autoritárias, que é um fato presente em nossa sociedade, prega Egídia, para quem o Brasil é uma democracia sem democratas. Nosso papel é trabalhar na construção de uma cultura democrática, que resultará no respeito à dignidade da pessoa humana,afirma ela. (Walter Sales)

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