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Oficinas ensinam como preservar acervos e documentos digitais

publicado: 09/10/2009 às 16h23 | modificado: 09/10/2009 às 19h23
Prof. Ulpiano profere conferência de abertura do Encontro da Memória (imagem 1)

Dando continuidade ao o IV Encontro Nacional da Memória da Justiça do Trabalho , que acontece este ano em Belo Horizonte, foram realizadas na tarde desta quinta-feira, 8 de outubro, oficinas no prédio do TRT na Rua Goitacases, no Barro Preto, e também no prédio do Arquivo-Geral, no Bairro Jardim Montanhês.

No Arquivo Geral, as oficinas foram ministradas por Cláudia Lacombe Rocha, presidente da Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos (CTDE), do Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ), sobre o tema Documento Eletrônico - Guarda e preservação , e por Pedro Brito Soares, diretor da Divisão de Conservação de Documentos do Arquivo Público Mineiro – APM – sobre o tema Preservação de Acervos. Na Goitacases, as oficinas foram ministradas pela professora Maria Eliza Linhares Borges, do Departamento de História e Coordenadora do Núcleo de História Oral da UFMG, sobre o tema História Oral , pelas professoras Júnia Sales Pereira, da Faculdade de Educação da UFMG e Naila Garcia Mourthé, Coordenadora do Setor Educativo do Museu de Artes e Ofícios – MAO, sobre o tema Ação Educativa em Centros de Memória , e pela professora Betânia Gonçalves Figueiredo, do Departamento de História da UFMG, sobre o tema Centros de Memória: documentação, pesquisa e memória .

Preservação de acervos

Segundo Maria Aparecida Carvalhais Cunha, historiadora do Centro de Memória do TRT, a proposta das oficinas é estimular, entre os profissionais que trabalham com gestão documental, “a conservação e a preservação de documentos de uma forma mais barata e dentro da realidade de cada instituição. São alternativas para trabalhar dentro do que é possível para cada órgão investir”, ressalta ela. Já com relação à preservação de documentos eletrônicos, Maria Aparecida assegura que existe uma reflexão séria em torno do assunto, uma vez que “documentos e processos eletrônicos já estão sendo produzidos a cada dia. Temos que pensar como preservar as informações digitais que eles contêm”.

Na oficina Preservação de Acervos, Pedro Brito Soares explicou que existem vários mecanismos que permitem trabalhar da maneira mais simples até as mais sofisticadas. “Podemos promover ações ligadas ao clima dentro dos depósitos, por exemplo, controlando a temperatura e a umidade. Acho também importante o manejo integrado de pragas, o controle de insetos, roedores e baratas, além de um bom sistema de acondicionamento, com caixas próprias, que envolva o documento em papel alcalino. Também tem o aspecto da higienização, a da não utilização de materiais inadequados. O importante é buscar a melhor forma de trabalhar, utilizando, inclusive, os conhecimentos da área”, frisou.

Oficinas ensinam como preservar acervos e documentos digitais (imagem 2)
Foto: Solange Kierulff

Cláudia Lacombe Rocha, que ministrou a oficina Documento Eletrônico - Guarda e preservação , chamou a atenção para a necessidade de cada instituição criar programas de gestão dos documentos eletrônicos, ressaltando que muitas instituições no Judiciário já possuem um arquivista responsável: “com uma boa gestão, você separa os documentos que podem ser eliminados dos que precisam ser mantidos. Assim, a instituição pode aplicar todos os procedimentos de preservação necessários naqueles documentos que devem ser guardados”.

Ela chama a atenção para o fato de que a tecnologia da informação traz uma série de benefícios, promovendo a agilidade do processo, mas que é preciso pensar nessa documentação digital no longo prazo. “O papel do Arquivo Nacional tem sido, num primeiro momento, o de chamar a atenção para a necessidade dessa preservação e de dar algumas diretrizes de como fazer esta conservação. Dentro dessas diretrizes, cada instituição tem que elaborar o seu plano de preservação digital, adequado aos documentos que são nela produzidos”.

Centros de Memória

A Escola Judicial do TRT-MG recebeu três oficinas com temas relacionados à história oral e à ação educativa aplicada nos Centros de Memória.

A ação educativa nos Centros de Memória foi o tema da oficina ministrada pela profª. Júnia Sales Pereira e por Naila Garcia Mourthé. O público presente teve a oportunidade de aprender sobre o processo da ação educativa exemplificado através da prática no Museu de Artes e Ofícios. Além disso, os participantes foram instigados a pensar sobre os desafios desta ação em instituições reais. Para a profª Júnia, “a ação educativa é uma oportunidade para que o Centro de Memória cresça além de si mesmo, incentivando a instituição a se renovar e a ler a sociedade com seus problemas contemporâneos”. No processo educativo, o público dos Centros de Memória aparece como peça fundamental. “A abertura para a expectativa do público e para o inusitado que cada visitante traz ao Centro de Memória possibilita inúmeras oportunidades de crescimento”, explica Naila Garcia.

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Para Júnia Sales Pereira, “a ação educativa enfrenta o desafio da relação com o público que carrega toda a imprevisibilidade do campo educacional” (foto: Stefânia Faria)

Já em outra oficina, o papel dos Centros de Memória foi discutido entre a profª Betânia Gonçalves Figueiredo e os participantes. Os Centros de Memória têm merecido destaque nas instituições atuais, segundo Betânia. Para ela, este interesse em criar espaços para guardar a memória das instituições, sejam elas públicas ou privadas, precisa ser acompanhado de uma reflexão sobre a função destes Centros, sua importância, seu público alvo e a forma como ele é tratado. “A razão de ser de um Centro de Memória é construir canais de comunicação com o público que ele pretende atingir. Sem público, o Cento de Memória não faz sentido”, afirma.

Na oficina sobre história oral, ministrada pela profª. Maria Eliza Linhares Borges, foi destacada a importância deste tipo de história na contribuição para a memória da instituição, principalmente porque engloba as visões de funcionários de diversas áreas. “A história oral trabalha com pequenas biografias dos funcionários nos diversos escalões da instituição e pessoas que estão aqui com temporalidades diferentes. Isso é muito importante, porque problemas que possam existir são trabalhados em função da comparação entre as diferentes visões que os funcionários têm da instituição”, explica. Os participantes trocaram experiências e discutiram a aplicabilidade da história oral nos Centros de Memória.

Solange Kierulff/Stefânia Faria(estagiária)

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