Você está aqui:

Relato de experiências acadêmicas vividas na Itália inaugura Pós-Papo

publicado: 27/11/2009 às 10h04 | modificado: 27/11/2009 às 12h04

Foi lançado ontem, dia 26, no prédio do TRT mineiro, o Projeto Pós-Papo, que abre oportunidade para magistrados, servidores, procuradores do trabalho, professores universitários e estudantes de pós-graduação ouvirem relatos de experiências acadêmicas vivenciadas por colegas em outro país.

Inauguraram esse novo espaço de difusão de conhecimentos e debates da Escola Judicial os professores Márcio Túlio Viana, Márcio Flávio Salem Vidigal e Vicente de Paula Maciel Júnior, os primeiros desembargadores e o último, juiz titular da 28ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, que estudaram na Itália.

Maciel Júnior disse que viveu um ano de grande enriquecimento pessoal e profunda imersão nos estudos, cuja tese de pós-doutorado, sob o título “Teoria das Ações Coletivas: As Ações Coletivas como ações temáticas”, propõe o estudo do direito difuso a partir do objeto, ou seja, o fato ou circunstância de fato que atinge um número indeterminado de interessados que seriam os verdadeiros legitimados para a ação. “É repensado o modelo representativo que é voltado e moldado segundo o processo individual para demonstrar que é possível a construção de um processo verdadeiramente participativo”, explicou ele, que não encontrou maiores dificuldades de adaptação à vida no velho continente.

Para Salem Vidigal, diversamente, viver feliz durante os estudos em outro país depende muito da idade, da disposição, da adaptação, se é homem, se é mulher, se se tem ou não família. “Tem-se que ir com o espírito aberto, pois há um código de costumes totalmente diferentes”, frisou o desembargador, para quem, “com todas as agruras, a experiência é válida”.

Já o desembargador aposentado, Márcio Túlio Viana, contou que esteve na Itália em três oportunidades, e todas deram muito certo, talvez por ter voltado seus estudos para a sociologia do trabalho, a filosofia contemporânea, a economia e a história, e não para o direito positivo. “Muitas vezes escolhia um livro e ia para a praça, onde o lia de forma tranqüila, longe do corre-corre da vida cotidiana, o que me permitia pensar, questionar, refletir, sem pressa”, rememorou Viana. Confidenciou ele que as experiências lhe proporcionaram “um salto de qualidade impressionante”, pois, nessa vivência, além do conhecimento, fruto da dedicação às pesquisas e às reflexões, “absorve-se, até sem saber, muitas outras coisas, da vida, da cultura, das estações climáticas”.

Estiveram presentes ouvindo os relatos, além de estudantes, o desembargador César Pereira da Silva Machado Júnior, a juíza substituta Cristiana Soares Campos; a titular da 26ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, juíza Maria Cecília Alves Pinto, e o titular da 5ª Vara, também de BH, juiz Antônio Gomes de Vasconcelos, que elogiou o presidente da Escola Judicial, desembargador Luiz Otávio Linhares Renault, pela iniciativa, traduzida por ele como “a institucionalização da troca de experiências, que permite saber das pessoas que estudaram em outro país o que elas trouxeram de lá, o que elas guardam dentro delas”. Essa divulgação e o maior proveito possível do conhecimento obtido, no entendimento do professor Vicente de Paula Maciel Júnior, são compromissos daqueles que recebem a titulação, pois, ao fazê-lo, “assumem a responsabilidade de buscar, pelo resto da vida, respostas fundamentadas para os problemas técnicos da sua área de pesquisa”.

Renault, ao encerrar o Pós-Papo do dia, salientou que o projeto vem atender ao crescimento da demanda de magistrados por aperfeiçoamento de seus estudos no exterior, seja de forma independente, seja por meio dos convênios entre a Escola Judicial e as universidades estrangeiras, e permitir uma maior aproximação entre o Tribunal e as instituições de ensino, especialmente as de Minas Gerais. (Walter Sales)

Visualizações: