Tarde de poesia e música no lançamento de livro de juízes
Uma reunião "desorganizada" de juízes do trabalho de diversos cantos do país - muitos dos quais não se conheciam pessoalmente, mas que eram íntimos por meio dos versos e mensagens trocadas pela Internet -, com um elevado número de convidados, muito riso, nenhum formalismo e emoção transbordando nos versos dos poetas Rui Ferreira dos Santos e Ney Maranhão, este de Roma, tudo transmitido para o mundo pela TV TRTMG, num momento lamentavelmente propício para a interpretação da música Rosa de Hiroshima, pela poetisa Mônica Sette Lopes, que também narrou a gostosa história dos juízespoet@s, os tais que, em 2006, aqui em Minas, começaram a falar de literatura, a distância, e agora estão espalhados por todo o país, num total de 56. Assim pode ser resumido o lançamento, hoje, na sede do TRT/MG, do livro Prosa/Poesia, nascido num ambiente descrito assim pela Mônica:
Há, nas malhas da rede mundial de computadores, alguns juízes do trabalho que se correspondem na língua da poesia. O que começou em 2006 com um grupo de discussão de juízes mineiros pelo gosto de compartilhar poesia, espalhou-se pelo Brasil, sem prazo ou limite, que não o da delicadeza de conviver. A discussão mais grave em que se envolvem gira em torno da forma da poesia. Mas dura só até que alguém resolva mandar uma poesia de verdade, fazer uma poesia de verdade, dar a trilha sonora para ouvir antes da audiência numa segunda de manhã. E ela tem que ser Felicidade, de Lupicínio Rodrigues, com Pena Branca e Xavantinho. E ninguém discute. A altercação vazia não faz sentido quando tudo pode ser dito e tudo será ouvido. Os juízespoet@s não falam de direito, mas na poesia respiram o mundo que os constrange e liberta. Escondidos dos processos, repousam na poesia. Silenciam na poesia.
O ambiente era tão descontraído que o coautor Jairo Vianna Ramos falou de rock progressivo e jurou existir lobisomem em todas as cidades de Minas, exceto em Guaranésia e Varginha. E foi possível saber da constatação de que quem tem poder não é o juiz, mas o escritor, que pode até ressuscitar personagens. O poeta Paulo Nunes de Oliveira reconheceu que a sua poesia foi salva pelos Juízes Poetas, da saudade que tinha dela. Para ele, "trata-se de uma lista mágica". Paulo Merçon, o juiz do TRT, criador do clube dos JuízesPoet@s, mostrou-se tão entusiasmado que sugeriu a criação dos "juízes dançarinos", "juízes cantores", "juízes pintores", "juízes atores" etc., para humanizar um pouco, sair do jurídico, que é formal, conservador .
Por reunir autores de diversas regiões do país, o livro comporta estilos e temáticas variados, em prosa e versos, e contempla o leitor com um conto coletivo - O Sábio da Banca -, que vivifica a ideia da cadeia narrativa .
Presentes os desembargadores Antônio Álvares da Silva e César Pereira da Silva Machado Júnior, respectivamente ouvidor do TRT/MG e diretor da sua Escola Judicial, promotora do lançamento juntamente com a Biblioteca Juiz Cândido Gomes de Freitas, no âmbito do projeto Leis & Letras, com apoio da Amatra3, representada por sua diretora de comunicação social, juíza Denízia Vieira Braga. Presentes, ainda, o juiz Fernando Luiz Gonçalves Rios Neto e os juízes poetas Geraldo de Castro Pereira, João Luiz Rocha do Nascimento, José Antônio Correa Francisco, José Eduardo de Resende Chaves Júnior (Pepe) e Maria Francisca dos Santos Lacerda, além dos já citados. (Texto Walter Sales/Fotos Madson Morais) Assista à reportagem da TVTRT-MG