Justiça e Cidadania tem edição dedicada às pessoas com deficiência
Se estiver usando leitor de tela, ignore este botão. Ele é um recurso de acessibilidade para pessoas com baixa visão.
Resumo em texto simplificado
O Programa Justiça e Cidadania do TRT-MG dedicou uma edição à conscientização sobre os direitos das pessoas com deficiência, recebendo 42 jovens aprendizes. O evento incluiu participação do chefe da Seção de Acessibilidade do TRT e de magistrados, que falaram sobre inclusão e respeito ativo, além de uma simulação de audiência trabalhista abordando a discriminação no ambiente de trabalho. A iniciativa foi elogiada por promover a transformação do pensamento e a percepção da Justiça como acessível.
Saiba mais sobre esta iniciativaNesta segunda-feira (22/09), o Sistema Divina Providência, voltado para a inclusão e capacitação profissional, trouxe 42 pessoas vinculadas ao programa jovem aprendiz para participar do Programa Justiça e Cidadania desenvolvido pelo Centro de Memória/Escola Judicial do TRT-MG e, nesta edição, em parceria com o Programa de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade. A iniciativa buscou conscientizar sobre os direitos das pessoas com deficiência. Na véspera do evento, celebrou-se o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência.
O Justiça e Cidadania, que há anos oferta uma programação com visita guiada à Exposição Direito e Cidadania, atividades interativas sobre a história das relações de trabalho e a simulação de uma audiência trabalhista, desta vez teve um caráter especial. A visita se iniciou com uma fala da desembargadora Adriana Goulart de Sena Orsini, gestora regional do Programa de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade.
Desembargadora Adriana Orsini com alunos do Sistema Divina Providência
Importância do respeito ativo
Depois de uma visita guiada focada na abordagem do histórico de inclusão das pessoas com deficiência ao mercado de trabalho, os alunos foram apresentados ao chefe da Seção de Acessibilidade do TRT, Francisco da Silva Soares. O servidor responsável por acompanhar as políticas de inclusão no Regional mineiro tratou sobre a importância de se exercer o respeito de forma ativa, quando o objetivo é garantir as condições para que cada um, com as suas características, possa exercer todas as suas capacidades. Quando as instituições ou a sociedade não garantem isso, a deficiência é social, e não do indivíduo.
Francisco, que é deficiente visual, também deu algumas dicas aos presentes sobre como lidar com as pessoas que vivem essa realidade. Entre os conselhos, o de sempre dirigir a palavra diretamente à pessoa e de se apresentar ao chegar, de perguntar qual o tipo de ajuda que a pessoa eventualmente precisa e de não esquecer de se despedir para que a pessoa saiba que você está indo embora.
O juiz Henrique Macedo de Oliveira, coordenador de 1º grau do Comitê Gestor do Programa de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade, também falou do respeito ativo, que requer atitudes que nos coloquem na posição de aliados das pessoas com deficiência. O magistrado lembrou que pequenos gestos podem ser importantes, como quando a gente tem coragem de questionar alguém que adota uma postura de discriminação, ou faz uma piada inadequada.
Audiência simulada
A audiência simulada, sob a coordenação da juíza Adriana Campos de Souza Freire Pimenta, tratou de um processo fictício em que a reclamante, após ter sido demitida, alegou que a empresa não havia disponibilizado recursos tecnológicos para poder exercer de forma adequada o ofício de telemarketing na condição de deficiente visual. A empresa, por sua vez, alegou ter demitido a trabalhadora por baixa produtividade.
Fazendo o papel de autora do processo, estava Mirele Souza, que assim como a personagem representada, é deficiente visual. A aluna do Sistema Divina Providência afirma que situações de discriminação como a descrita no processo simulado ocorrem na realidade. “Infelizmente muitas empresas ainda não tem recursos de acessibilidade e contratam pessoas com deficiência porque é obrigatório”, relata ela. “É muito triste, porque é muito necessária a inclusão e a gente é muito capaz de trabalhar, também, como pessoa comum, mas tem que ter os recursos certos”. A jovem de 22 anos diz já ter vivenciado situação de discriminação no ambiente de trabalho.
Papel transformador do conhecimento
A telefonista Eunice Aparecida Cruz, que participou da visita e também é deficiente visual, diz que a situação para as pessoas deficientes melhorou significativamente, mas ainda há muita discriminação. Sobre a oportunidade que teve de participar do Programa Justiça e Cidadania, ela disse que a ajudou tomar conhecimento sobre direitos que ela não conhecia.
O programa do TRT também foi elogiado pela professora da instituição, Tatiane Fernandes, que falou sobre o papel transformador do conhecimento. Para ela, a vivência de uma realidade, para além da sala de aula e da leitura, é capaz de modificar o pensamento sobre a forma de ver o mundo e a sociedade, bem como sobre como é possível contribuir. “Criar memórias positivas que transformam o pensamento é muito importante”, avalia a professora. A oportunidade de participar da atividade, segundo ela, fez com que pessoas que antes viam a Justiça como algo muito distante tenham passado a perceber que ela é acessível e disponível para quem precisa.
O chefe da Seção de Acessibilidade do TRT mineiro avalia que eventos nos quais se fala sobre acessibilidade e inclusão servem para ir conscientizando cada vez mais as pessoas sobre o fato de que a deficiência não está no corpo, mas sim na sociedade. Para ele, o papel da Justiça do Trabalho vai muito além de condenar a empresa a cumprir cotas, abrangendo uma função pedagógica e educacional para que todo mundo possa perceber que a pessoa com deficiência, assim como as outras, deve ter seu ambiente de trabalho respeitado e valorizado.