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Setembro Amarelo: palestra abordou relação entre saúde mental, suicídio e sociedade contemporânea

publicado: 25/09/2025 às 19h46 | modificado: 25/09/2025 às 19h47

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Resumo em texto simplificado

Por ocasião do setembro amarelo, TRT promoveu palestra na tarde desta quinta-feira (25/09) sobre saúde mental e prevenção ao suicídio com a doutora em psicologia Paula Dias Moreira Penna

Saiba mais sobre esta iniciativa

Servidores e magistrados da Justiça do Trabalho de Minas Gerais tiveram a oportunidade de assistir à palestra sobre “Prevenção ao Suicídio” ministrada pela doutora em Psicologia Paula Dias Moreira Penna, na tarde desta quinta-feira (25/09). O evento realizado no Plenário 2 do TRT-MG faz parte da programação do Setembro Amarelo, campanha que promove o mês de conscientização e combate a esse problema de saúde pública.

A palestrante explicou que o suicídio pode se dar a partir de uma atitude impulsiva ou de uma condição gradual que vai dando sinais sutis para aqueles com os quais a pessoa convive. Ela também resgatou a conclusão de Freud sobre a relação entre a saúde mental e o contexto histórico, chamando a atenção para o fato de que vivemos um cenário contemporâneo marcado por uma epidemia silenciosa de ansiedade, burnout e depressão.

Mais adiante, ela discorreu sobre a ideia de transição de uma sociedade da disciplina para uma sociedade do desempenho. Enquanto que a primeira está ligada a tradição, autoridade, rituais e instituições sólidas, a atual está mais vinculada ao conceito de vida líquida, com relacionamentos mais voláteis, individualismo, imediatismo e impaciência.

foto da psicóloga Paula Dias ao lado da desembargadora Maristela Íris

Doutora em psicologia Paula Penna proferindo palestra sobre saúde mental

Quatro atitudes que não devem ser adotadas  

A doutora em Psicologia explicou ainda que nem sempre o suicídio está ligado a um aprofundamento de quadro depressivo. Ela indicou quatro tipos de atitude que a pessoa que se relaciona com alguém que dá sinais de autoextermínio não pode adotar: minimizar a dor (ao invés disso é importante validar os sentimentos da pessoa); prometer sigilo absoluto; julgar ou criticar; e ignorar sinais de alerta, como falas sobre morte ou que possam ser entendidas como despedidas. Ao invés disso, a atitudes recomendadas são: escutar e acolher atentamente, levar a sério sinais de alerta e incentivar a procurar ajuda.

Por outro lado, ela também esclareceu que não se pode confundir a tristeza, um afeto normal, com uma patologia mental. Lutos e momentos de angústia estão presentes em todos, devem ser vividos e não hiperpatologizados, como acontece numa concepção corrente que enfrenta todos sentimentos desagradáveis com medicação. "Sofrimento mental não é transtorno, não existe vida sem conflitos”, disse ela, mais uma vez resgatando Freud.

Mas a exigência de uma performance constante, a ênfase no desempenho e a competitividade da forma como é incentivada desde a infância foram apresentados como aspectos da atualidade que muitas vezes levam à exaustão e se contrapõem à saúde mental. Para ela, atualmente “o sujeito é explorador de si mesmo, e a gente sente culpa quando não está produzindo”. Frente a isso, o importante é saber reservar momentos de pausa e descanso, além de valorizar o ócio criativo.

Público assistindo à palestra sobre saúde mental e prevenção ao suicídio proferida pela doutora em psicologia Paula Penna

Sentimento de vazio e compulsões

Outro aspecto tratado pela palestrante é em relação à forma de se lidar com o sentimento de vazio e a ausência de sentido da vida, que pode às vezes advir de um excesso de autocobrança, e que pode levar a diversas compulsões, como por comida, compras, ou até mesmo por academia. A sensação de vazio é algo natural da nossa existência, esclareceu a psicóloga, mas o contexto social nem sempre nos prepara para lidar da melhor forma com isso.

Também abordou o fenômeno da depressão infantil, que pode advir da dificuldade de crianças e adolescentes em lidarem com a frustração. Parafraseando a também doutora em Psicologia Vera Iaconelli, citou a ideia simbólica de que antigamente, há 30 anos, a preocupação dos pais era com o fato de que os filhos não morressem, e que hoje a preocupação principal é gerar felicidade a todo custo. A preocupação de se evitar a experiência com a frustração pode ser a causa da dificuldade da criança ou adolescente para lidar com esse sentimento posteriormente.

Autoextermínio: um assunto delicado

O evento iniciou com uma breve apreciação do tema feita pela desembargadora Maristela Íris da Silva Malheiros, que estava presidindo a mesa como coordenadora do Subcomitê de Atenção Integral à Saúde. A magistrada disse que a campanha do setembro amarelo é muito cara para a Secretaria de Saúde do Tribunal e para o subcomitê que ela coordena. Segundo ela, todas as instituições da sociedade têm que se preocupar com as doenças mentais, considerando que boa parte delas pode levar ao autoextermínio.

A chefe da Seção de Assistência Psicológica, Maria Luiza de Moraes Fonseca, ressaltou a importância de momentos como esse, em que um assunto difícil, delicado e espinhoso é tratado de uma forma boa, e colocou os serviços da seção que ela coordena à disposição de todos. A atividade é promovida pela Secretaria de Saúde, por meio da Seção de Assistência Psicológica, em parceria com o Subcomitê de Atenção Integral à Saúde, e como parte dos Programas Saudavelmente e Trabalho Seguro.

Sobre a palestrante

Paula Dias Moreira Penna possui doutorado em Psicologia e mestrado na área de Estudos Psicanalíticos. Também tem formação em Direito, é docente de pós-graduação e pesquisadora do Programa Laboratório Psicanálise e Laço Social no Contemporâneo da Universidade Federal de Minas Gerais (PSILACS-UFMG). Além disso, foi supervisora clínica na Prefeitura de Belo Horizonte pelo Sistema Único de Assistência Social.

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