Sindicalistas se comprometem a defender em assembléia a suspensão da greve
Em audiência realizada hoje, dia 23, no plenário do TRT de Minas, em Belo Horizonte, relativa ao dissídio coletivo envolvendo motoristas, cobradores, fiscais e demais trabalhadores do transporte coletivo da capital mineira e cidades vizinhas, ficou definida a reabertura das negociações, com prosseguimento no mesmo local, dia 26 próximo, às 16:30h. Os dirigentes sindicais da categoria profissional firmaram compromisso de defender, na assembléia de logo mais, a suspensão da greve iniciada ontem, e os da categoria econômica de não promover retaliações contra os grevistas, de não descontar dos salários os dias parados e de manter a data-base por mais 30 dias.
Foto: Leonardo Andrade |
Na abertura dos trabalhos, o desembargador Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello, instrutor do processo, comunicou à categoria econômica e demais presentes ter recebido, pela manhã, os representantes da categoria profissional, que o procuraram para justificar a ausência na audiência designada para a tarde de ontem. Informou, ainda, o magistrado, que, indagados, responderam que tinham interesse em restabelecer as negociações.
Antes de passar a palavra às partes, Vieira de Mello disse que, no caso, é necessário negociar até à exaustão, se necessário, em busca da conciliação, pois a maior vítima do movimento grevista está sendo a população de Belo Horizonte.
Falando pelos rodoviários, o presidente da Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado de Minas Gerais – Fetrominas, José Theodoro Guimarães da Silva, reafirmou a disposição dos trabalhadores de voltar às negociações, mas ponderou que os empresários precisam melhorar a proposta apresentada, de reajuste salarial de apenas 4,36%. Observou o sindicalista tratar-se de uma categoria sofrida, que trabalha aos domingos e feriados; que transporta vidas e que é muito fiscalizada pelas empresas, BHTRANS e Guarda Municipal.
O lado patronal retrucou, afirmando que o reajuste oferecido é extensivo aos planos de saúde e odontológico, bem como ao seguro de vida e aos vales-alimentação, além do que foram garantidas as conquistas do instrumento coletivo anterior e a manutenção da data-base.
O desembargador Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello pediu que fosse esquecido o passado e desarmados os espíritos, de forma a restaurar um ambiente de cordialidade em que as partes pudessem fazer suas ponderações e encontrar uma solução, lembrando mais uma vez o transtorno causado à população.
Vieira de Mello, dizendo constatar que prevalecia o espírito da conciliação, reuniu-se separadamente com as partes, que aceitaram a sua proposta de restabelecimento das negociações, sem vencedores nem vencidos, ficando de reexaminar a liminar após a notícia da confirmação, em assembléia, do fim da greve.
Participaram da audiência o procurador do Trabalho Eduardo Maia Botelho, o procurador-geral do município Marco Antônio Rezende e o advogado Bruno Reis, presidente da Comissão de Direito Sindical da OAB/MG, que acompanharam o desembargador Vieira de Mello no elogio à forma pela qual as partes restabeleceram as negociações. (Walter Sales)