Boletim 7
Por um novo ciclo de inovação
Por Walter Maia, dez 2022
“Não haverá solução alguma, se mudarmos a estrutura social sem reformar e mudar a alma humana. E tudo o que desejou o Cristo foi mudar, reformar, esclarecer, iluminar, avivar a Caridade e o Amor no homem.” ‒ Augusto Frederico Schmidt
É chegado o fim do ano, e reflexões nos invadem tanto quanto os deliciosos aromas dos panetones e das esperadas comidas de época presentes nas ceias. Um chamado a repensar as próprias práticas e experiências soa em nossos ouvidos como os convidados que chegam ruidosos para conosco celebrar as festas. A oportunidade nos abraça convidativa, feito um familiar afetuoso na noite de Natal.
Atribui-se a Roberto Pompeu de Toledo a afirmação de que “quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ‘ano’, foi um indivíduo genial”. A ideia de parar, respirar e poder recomeçar confere novo ânimo, um forte estímulo ao corpo e à mente que tanto produziram ao longo dos últimos doze meses. Neste necessário hiato de descanso, podemos enfim olhar para dentro e aceitar o convite patente para inovar em nossa vida.
No curso de 2022, por vezes fomos solicitados a lidar com as diversas demandas profissionais de forma mais criativa, otimizando a força, o tempo e os recursos de que dispúnhamos para alcançar os objetivos. De certo, a inovação esteve presente, trazendo a ideia de mudança, melhoria de algo. E provavelmente todos concluiremos este ciclo com realizações que geraram valor para o Tribunal. Por que não agora, igualmente, inserirmos a inovação em nossas vidas pessoais?
Não seria ocasião para colocar em prática projetos engavetados? Iniciar a atividade física, o curso de línguas ou de gastronomia, saltar de paraquedas, fazer aquela tatuagem ou a viagem dos sonhos? Lidar de forma diferente com as situações do dia a dia, oferecer um tempo de mais qualidade à família? Quem sabe fazer por você algo inusitado, que, embora planeje há muito, nunca tenha levado a cabo?
Assim como a inovação nos processos de trabalho é motor do crescimento econômico, inovar na vida é propulsionar nosso desenvolvimento. Sair do lugar e encontrar-se com o novo proporciona inquietação intelectual e física que revoluciona o ser humano, elevando nosso pensamento e ações. É como manter-se em estado de evolução, o que, por sua vez, implica alimentar e renovar o sentimento de esperança de que tudo será melhor.
Acolha-se em suas dificuldades, apoie-se em suas qualidades e compreenda que até pequenas mudanças de atitude podem resultar em grandes transformações. Apenas é necessário algum movimento, e não uma inovação disruptiva, isto é, que radicalize nossa forma de ser. Ainda há aqueles “velhos valores” que nunca saem de moda e que, neste tempo, precisamos retomar.
Quem inova nos processos institucionais, fazendo-se valer de experimentação, adaptabilidade e tolerância ao erro, deve saber transportar essas atitudes para a vida. A partir do autoconhecimento, perceba a necessidade de enxergar também o outro. A empatia tem o poder de nos levar à conciliação, tão importante nos tempos atuais, de relações enrijecidas. Conceda a si mesmo a oportunidade de perdoar.
Coopere, compartilhe, auxilie. Viver é um trabalho em equipe, e é importante que para todos haja bem-estar. Seja generoso.
Com um espírito de boa vontade, que possamos reavivar a crença na humanidade e nos frutos de nosso trabalho, sem perder de vista o propósito, a crença e os valores individuais. Tenha fé.
E, por fim, acreditando, inovando e crescendo coletivamente, que estejamos prontos e livres para viver em amor no novo ciclo que em breve se iniciará.
Conheça sete grandes poemas escritos em língua portuguesa que podem ajudar a ressignificar os festejos de fim de ano:
- Ano Novo, Ferreira Gullar
- Cartão de Natal, João Cabral de Melo Neto
- Liberdade, Fernando Pessoa
- Natal, Olavo Bilac
- Passagem do ano, Carlos Drummond de Andrade
- Poema de Natal, Vinicius de Moraes
- Ubiquidade, Manuel Bandeira
Walter Maia é servidor da Secretaria de Auditoria Interna (SEAUD). Amante da poesia, em suas horas vagas dedica-se ao ofício de escrever. É autor do livro "Palavras e mais", publicado no Brasil e em Portugal pela Editora Chiado.