Vamos Começar

por Célia Regina de Carvalho*

 

Com a divulgação do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas - IPCC/ONU de 2007, a mídia em geral centrou atenção na questão climática. O primeiro relatório do IPCC, de 1990, já apontava para o problema crescente do aquecimento global e a possibilidade de atividades humanas, além de causas naturais, influírem nesse quadro. Nenhum relatório posterior descartou essa possibilidade.

A particularidade do relatório de 2007 é chamar a atenção para a necessária mudança no estilo de vida das pessoas. A emissão de gases de efeito estufa (provocada sobretudo pela queima de combustíveis fósseis, mas não só) cresceu 70% de 1970 a 2004 e poderá aumentar entre 25 e 90% até 2030, comparado com os níveis do ano 2000.

Dito relatório aponta a utilização de energias solar e eólica, combinada com iluminação natural dos prédios, como medida imediata desejável para o problema. A agricultura também teve destaque como atividade capaz de amenizar a emissão de gases de efeito estufa.

As decisões de impacto visível estão nas mãos de quem detém o poder político e econômico. Sem esquecer que minha atitude influi naquelas decisões, fica a pergunta: o que eu posso fazer? Frente à magnitude do problema, a primeira reação pode ser de paralisia. O ideal é uma mudança radical no estilo de vida que se fundamenta na simplicidade voluntária. Essa mudança não significa privações, escassez; ao contrário, pode-se experimentar a fruição de uma vida natural, integral, autêntica. Simplicidade voluntária tornou-se um movimento mundial que tem atraído milhares de pessoas. Se isso me parece impossível, há atitudes simples que posso começar agora mesmo. Fazer as compras em pequenas mercearias pode ser mais rápido e prazeroso que nos hipermercados. Usar uma sacola de taboa (pode ser encontrada no Mercado Central) é mais charmoso que encher um carrinho de sacolinhas plásticas. Comprar frutas e verduras em feiras orgânicas é saudável e aprofunda minha relação com os produtores. Se não disponho de tempo, posso encomendar uma cesta semanal. A cozinha vegetariana tem pratos muito criativos e uma horta bem planejada ao redor da casa pode ser muito mais perfumada e repleta de pássaros que os gramados com plantas exóticas à moda dos jardins ingleses. Hera no muro e jardineiras na janela, além de verdejar e florir o ambiente, podem abrigar deliciosos temperinhos e chazinhos. As plantas que crescem no meu jardim vão adorar a água da chuva que posso captar do telhado, repleta de sais minerais.

Apoiar projetos voltados para a sustentabilidade planetária está bem ao meu alcance. Basta que eu olhe ao redor: no meu bairro já deve ter gente fazendo “alguma coisa”. As paróquias costumam ter algum projeto nesse sentido. Vamos começar?


*Célia Regina de Carvalho é servidora lotada na Escola Judicial e membro da comissão.

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